Carlos Chagas: o brilhantismo cultivado por grandes nomes.

Nascido em 9 de julho de 1879, no município de Oliveira (Minas Gerais), Carlos era filho de fazendeiros e teve quatro irmãos. Ao longo de sua vida, foi médico sanitarista e pesquisador brasileiro. Além disso, atuou como clínico, bacteriologista, infectologista e biólogo.
Doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1903. Neste mesmo ano, enquanto ainda era acadêmico, ingressou ao então Instituto Soroterápico Federal (o qual, a partir de 1908, foi denominado Instituto Oswaldo Cruz), sendo diretor por dezessete anos, de 1917 até sua morte.
É importante considerar que a faculdade por onde Chagas obteve a graduação passara por uma “revolução pasteuriana”, isto é, um processo de renovação e aquisição das teses de Louis Pasteur. Além disso, vale realçar que também dois professores foram essenciais para que Carlos levasse ideias e influências ao seu trabalho. Miguel Couto apresentou a Chagas as noções e as práticas da clínica moderna; já Francisco Fajardo, por sua vez, colocou Chagas no estudo de doenças tropicais, com ênfase na malária.
Em 1904, Carlos casou-se com Íris Lobo, filha de um senador mineiro, tendo o casal como filhos Evandro Chagas e Carlos Chagas Filho.
Em 1905, em Santos, assumindo a frente de uma campanha profilática, conseguiu erradicar a malária da cidade portuária. Por ocasião disso, formulou uma teoria domiciliar de transmissão da malária, projetando seu nome nos meios científicos do país. Mais tarde, seus trabalhos foram universalmente aceitos. Em seguida, em 1907, foi chefe da comissão de estudos sobre a profilaxia da malária em Minas Gerais. Dois anos depois, concluiu as pesquisas destinadas a derrotar a tripanossomíase, a qual foi popularmente reconhecida, depois, como Doença de Chagas. Vale destacar que Carlos, ao descobrir o agente etiológico desta doença, concedeu-lhe o nome de Trypanosoma cruzi, em homenagem ao cientista Oswaldo Cruz (este que foi seu grande mestre, amigo e orientador). Seu trabalho é muito reconhecido, único e valorizado por abranger todos os aspectos da doença: anatomia patológica, epidemiologia, etiologia, formas clínicas, meios de transmissão, patogenia, profilaxia e sintomatologia. No ano seguinte, foi reconhecido pelos meios científicos internacionais. A ele, em 1910, foi dada uma vaga especial na Academia Nacional de Medicina.
Nos anos de 1911 e 1912, Chagas realizou um levantamento epidemiológico do vale amazônico. Como outros trabalhos, podem ser citados os episódios em que foi chefe da campanha contra a epidemia de gripe espanhola no Rio de Janeiro, em 1918. No ano seguinte, como Diretor de Saúde Pública, melhorou e evoluiu os serviços sanitários da então capital republicana. Em 1925, foi professor de medicina tropical da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Além disso, pertenceu a várias academias de medicina, como as de Lima (1922), Nova York (1926) e Paris (1930).
Entre os estudos pertencentes à sua extensa obra, destacam-se: Hematologia do Impaludismo (1903); Nova espécie de Taeniorynchus (1908); Classificação e descrição de diversas espécies de Anofelinos e Culicídios; Descrição de uma nova moléstia humana transmitida pelo barbeiro (Triatoma megistus, 1912) e, por fim, Patogenia da Tripanossomíase Americana (em colaboração com Eurico Vilela, de 1929). No quesito de prêmios, alguns podem ser citados. Em 1912, Chagas recebeu, de um júri internacional, o Prêmio Schaudinn, devido ao melhor estudo de protozoologia e microbiologia. Além disso, recebeu os títulos de magister honoris por conta das universidades de Paris e Harvard. Em 1925, recebeu o Prêmio Kummel pela Universidade de Hamburgo. Em 8 de novembro de 1934, aos 55 anos, Carlos Chagas faleceu no Rio de Janeiro em decorrência de um infarto do miocárdio.
Heitor Yuri Nogara é aluno da Turma VI de Medicina e responsável pela coluna de “Personalidades históricas na Saúde”.
Matéria de fevereiro de 2021