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Jornal do Centro Acadêmico de Medicina "Dercir Pedro de Oliveira"
Curso de Medicina
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Campus de Três Lagoas (CPTL)

Cigarro eletrônico e seus impactos.


Provavelmente, você já viu alguém, sobretudo jovens, utilizando um aparelho semelhante a um ̈pendrive ̈ que sai fumaça em festas ou até mesmo andando pela rua. Isso é um cigarro eletrônico. Essa tecnologia , chamada de Dispositivo Eletrônico para Fumar ( DEF), tem sido muito usada pelas pessoas no decorrer dos últimos anos e divulgada como um ̈tratamento ̈ contra o tabagismo que, apesar de ter seu número de usuários diminuído, ainda é um mal a ser combatido na nossa sociedade. Contudo, não há evidências científicas que comprovem esses benefícios alegados pelo senso comum. Assim, cabe uma discussão sobre essa nova epidemia que afeta, conforme o Relatório Covitel, 1 a cada 5 brasileiros de 18 a 24 anos sendo a região com maior índice o Centro-Oeste.

A ideia de se criar um cigarro elétrico data da década de 1960, nos Estados Unidos, o qual foi patenteado por Herbert Gilberts , mas não comercializado por falta da tecnologia necessária para possibilitar isso na época. Já em 2003, o chines Hon Lik, depois de um pesadelo no qual era engolido por um mar que se transformava em uma nuvem de fumaça, decidiu desenvolver um cigarro eletrônico para combater o seu tabagismo e que acabou sendo comercializado e ganhou vários adeptos e dispositivos semelhantes ao redor do mundo. Embora a ideia de se criar um aparelho que diminua o consumo de tabaco na população seja necessária, não há como se comprovar que, realmente, os DEFs ajudam nessa luta, além de serem considerados por parte dos profissionais de saúde como uma nova porta de entrada para o indivíduo se tornar tabagista.

Créditos das matérias abaixo

Como funciona um cigarro eletrônico? A bateria é aquecida até temperaturas elevadas e o líquido contido no recipiente do DEF é transformado em aerossol, inalado pelos pulmões e, depois, exalado do organismo. Consoante uma pesquisa feita por Stella Regina Martins, médica e autora do livro ¨Cigarro Eletrônico: o que sabemos¨ que está disponível no site da Anvisa, a temperatura do vapor pode chegar a 350°C que seria suficiente para induzir reações químicas nos compostos do líquido as quais o transformaria em um composto tóxico ao organismo humano. Ademais, dependendo da dose, definida pelo próprio usuário, com a qual o vape ( apelido dado ao cigarro eletrônico) é abastecido, a probabilidade de ocasionar mais prejuízos se agrava o que tem preocupado os médicos, pois, diferente do cigarro normal, a quantidade de substâncias químicas não tem um padrão definido. Nesse sentido, nota-se que os DEFs podem ser maléficos para a nossa saúde e não necessariamente são melhores que o cigarro tradicional,podendo causar problemas no sistema respiratório como a Doença de EVALI: lesão pulmonar aguda causada pelo uso do cigarro eletrônico. Uma curiosidade relacionada aos impactos do cigarro eletrônico na saúde é o caso da cantora Doja Cat que precisou passar por cirurgia nas amígdalas e cancelar todos os seus shows devido ao uso excessivo desse dispositivo no primeiro semestre de 2022.

E no Brasil? Desde 2009, é proibida a comercialização, importação e propaganda de qualquer tipo de Dispositivo Eletrônico para Fumar e, nesse ano, 2022, a ANVISA decidiu manter essa resolução justamente por não haver evidências que comprovem que o DEF cause menos prejuízo que o cigarro comum e traga benefício para o tratamento contra o tabagismo. Isso porque, na prática, há apenas uma mudança na manutenção desse vício e não uma tentativa efetiva de acabar com essa dependência química.

Portanto, podemos perceber que, paradoxalmente ao que a sociedade e, principalmente, a nossa geração argumenta, o cigarro eletrônico não é tão inofensivo quanto parece na teoria. Assim, vamos continuar aceitando esse mito moderno e prejudicando nossa saúde ou mudaremos isso?


Giulia Deziró Aranão é aluna da turma VIII da med CPTL e foi autora desse artigo de texto publicado em 26 de julho de 2022.


Links das matérias referênciadas:






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