Explicando a Varíola dos Macacos
A varíola dos macacos é uma doença atualmente tratada como uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No dia 15 de julho a Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou o primeiro caso de varíola dos macacos em Mato Grosso do Sul, sendo um homem, de 41 anos, que é residente em Campo Grande. Ao todo, Mato Grosso do Sul confirmou 8 casos, sendo 7 em Campo Grande e um em Itaquiraí. Ainda conforme a SES, há investigação de outros onze casos suspeitos, envolvendo pessoas das seguintes cidades: Campo Grande (3), Três Lagoas (3), Dourados (1), Cassilândia (1), Ponta Porã (1), Camapuã (1 ) e Bandeirantes (1 ). Nesse contexto, monitorar os casos de infectados pela varíola dos macacos é de extrema importância para que órgãos públicos possam criar medidas reacionárias de contenção e de combate à doença. Afinal, a população mundial ainda tenta retomar à normalidade, após a pandemia da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2 ou Novo Coronavírus, que não só gerou enorme impacto na ordem biomédica e epidemiológica global, como também repercussões e sequelas sociais, econômicas, políticas e culturais na sociedade.
Mas, afinal, o que é a varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. A essa família, também pertencem os vírus da varíola e o vírus Vaccínia, a partir do qual a vacina contra varíola foi desenvolvida. É considerada uma zoonose viral (o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais) com sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos graves O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a OMS.

Partícula do vírus da varíola dos macacos — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Sintomas:
A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e confirmados. Passa a ser considerado um caso “suspeito” qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença.
Casos considerados “prováveis” incluem sintomas semelhantes aos dos casos suspeitos, como contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual ou com materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a isso, histórico de viagens para um país endêmico ou ter tido contato próximo com possíveis infectados no mesmo período e/ou ter resultado positivo para um teste sorológico de orthopoxvirus na ausência de vacinação contra varíola ou outra exposição conhecida ao vírus.
Casos confirmados ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus da varíola dos macacos por meio do exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real e/ou sequenciamento.
As complicações são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico. Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.
As erupções na pele passam por diferentes fases. Elas começam vermelhas e sem volume, depois ganham volume e bolhas, antes de formar as cascas. Essas feridas são diferentes das vistas na catapora, sarna, sífilis, herpes e outras doenças.

Imagem de pessoa infectada pela varíola dos macacos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera.
Transmissão
Tradicionalmente, a varíola dos macacos é transmitida principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados. A transmissão secundária ou de pessoa a pessoa pode acontecer por contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias ou lesões na pele de uma pessoa infectada, ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão. A transmissão ocorre principalmente por gotículas respiratórias, como espirros. Esta enfermidade também é transmitida por inoculação ou através da placenta (varíola dos macacos congênita). Não há evidência de que o vírus seja transmitido por via sexual.
Tratamento
Não há tratamentos específicos para a infecção pelo vírus da varíola dos macacos. Os sintomas costumam desaparecer espontaneamente, sem necessidade de tratamento. A atenção clínica deve ser otimizada ao máximo para aliviar os sintomas, manejando as complicações e prevenindo as sequelas em longo prazo. É importante cuidar da erupção deixando-a secar, se possível, ou cobrindo-a com um curativo úmido para proteger a área, se necessário. O paciente deve evitar tocar em feridas na boca ou nos olhos
No entanto, o vírus da varíola dos macacos e o da varíola são geneticamente semelhantes, o que significa que medicamentos e vacinas para se proteger da varíola também podem ser usados para prevenir e tratar a varíola dos macacos.
Prevenção
O uso de máscaras, o distanciamento e a higienização das mãos são formas de evitar o contágio pela varíola dos macacos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou a adoção dessas medidas, frisando que elas também servem para proteger contra a Covid-19.
A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.
A prevenção e o controle dependem da conscientização das comunidades e da educação dos profissionais de saúde para prevenir a infecção e interromper a transmissão.
Estephany de Oliveira Alves é aluna da turma VII do Curso de Medicina e foi autora desse artigo de Atualidades em Saúde.
Texto publicado em 10 de agosto de 2022.
REFERÊNCIAS:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Varíola dos macacos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/02-6-variola-dos-macacos. Acesso em: 08 ago. 2022.
PAHO. Varíola dos macacos. Disponível em: https://www.paho.org/pt/variola-dos-macacos. Acesso em: 08 ago. 2022.
Varíola dos macacos: resumo em 6 pontos explica o que é, sintomas, transmissão, prevenção, tratamento e vacina. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/variola-dos-macacos/noticia/2022/08/04/variola-dos-macacos-resumo-em-6-pontos-explica-o-que-e-sintomas-transmissao-prevencao-tratamento-e-vacina.ghtml. Acesso em: 08 ago. 2022.
G1. Secretaria estadual de Saúde de MS investiga morte de homem que era caso suspeito de varíola dos macacos, 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2022/08/08/secretaria-estadual-de-saude-de-ms-investiga-morte-de-homem-que-era-caso-suspeito-de-variola-dos-macacos.ghtml. Acesso em: 08 ago. 2022.
G1 MS. MS confirma mais 2 casos de varíola dos macacos, 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2022/08/06/ms-confirma-mais-2-casos-de-variola-dos-macacos.ghtml. Acesso em: 10 ago. 2022.
G1 MS. Impactos sociais, econômicos, culturais e políticos da pandemia, 2022. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/impactos-sociais-economicos-culturais-e-politicos-da-pandemia. Acesso em: 10 ago. 2022.