Maurice R. Hilleman: muito trabalho para pouco reconhecimento
Atualizado: 25 de fev. de 2022

Maurice Ralph Hilleman nasceu, juntamente com sua irmã gêmea, em Miles City, no estado norte-americano de Montana, aos 30 de agosto de 1919. Infelizmente, sua irmã gêmea era natimorta, além de sua mãe, Anna Hilleman, falecer dias após o parto. Vale destacar que um dos elementos globais presentes no contexto era a pandemia de Gripe Espanhola. Ademais, destacam-se as numerosas incidências de doenças infectocontagiosas, como a caxumba, o sarampo e a rubéola.
De família pobre, sendo o mais novo de nove filhos, foi criado pelos tios, Robert e Edith, que moravam próximos à residência de seu pai, Gustave. Seus primeiros trabalhos, portanto, foram manuais, além de vender produtos agrícolas em um armazém local. Formado na Custer County High School, em 1937, conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade Estadual de Montana, realizando o bacharelado em química e microbiologia. Apesar de se considerar um “caipira do campo”, obteve várias bolsas completas de estudo em escolas de pós-graduação, concluindo seu doutorado em Microbiologia pela Universidade de Chicago, no ano de 1944. Em sua tese, demonstrou que a clamídia não é provocada por um vírus, mas sim, por uma bactéria, de modo a ser tratada com antibióticos.
Abandonou a vida acadêmica, trabalhando, em seguida, para uma empresa farmacêutica (ER Squibb) e o Exército americano. Neste período, desenvolveu a vacina para a encefalite B japonesa, atuando também no desenvolvimento massivo da vacina contra a Influenza, além de demonstrar o caráter anual das mutações (alteração genética de mecanismo deriva) que ocorrem com o vírus da gripe, reforçando a necessidade de atualizações da vacina. Em 1957, ao ingressar na empresa farmacêutica Merck KGaA, passou a liderar os programas de vacinação e de descoberta de novos vírus por 45 anos. Lá, se tornou o maior inventor de vacinas de alto efeito do mundo (mais de quarenta), protegendo as pessoas contra sarampo, rubéola, caxumba (a partir de sua filha Jeryl Lynn, as três compondo a Tríplice Viral), essa em tempo recorde na história, considerando os ensaios clínicos menores e menos regulamentados. Ademais, houve vacinas para a varicela, hepatite B e A, meningite e pneumonia. Também foi o descobridor ou codescobridor de vírus como hepatite A, SV40, muitos adenovírus e rinovírus. É importante lembrar que, das catorze vacinas dos programas de rotina, cerca de oito foram desenvolvidas por Hilleman. Foi também o primeiro cientista a isolar o interferon do medicamento, descobrindo que a expressão daquele é induzida pelo RNA de fita dupla.
Em 1988, ganhou a Medalha Nacional da Ciência. Faleceu de câncer em 11 de abril de 2005, na Filadélfia, estado da Pensilvânia, sendo enterrado em Chestnut Hill, perto de sua casa.

Heitor Yuri Nogara é aluno da Turma VI de Medicina e responsável pela coluna de “Personalidades históricas na Saúde”.
Jornal do CAMDPO, Três Lagoas (MS), agosto de 2020