Setembro Coringa: uma coluna para loucos
Dizem que de médico e louco, todo mundo tem um pouco. Porém, por achar que ser um pouco médico basta, é que muitos, com pouca loucura, sofrem tanto.
Nesse mês, que recebe fitas amarelas em nome da prevenção ao suicídio, me pego a refletir sobre o estigma social que a saúde mental ainda enfrenta e me veio à mente uma fala muito marcante do filme ‘’Coringa’’, interpretado por Joaquin Phoenix, onde manifesta: “A pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se comporte como se não a tivesse”.
Apesar da ficção, o filme recheia nossa realidade com cada gargalhada doentia e patológica que pressagia, ainda que contra sua vontade, incompreendido, os xingamentos e bofetões metaforizam a forma como a sociedade encara as doenças mentais – deboche, medo, julgamento, exclusão... é assim mesmo que se combate o suicídio?
Tão logo, o meio social é um fator que determina a qualidade da saúde mental. Prevenção ao suicídio é para ser feita a todo momento. Nós é quem estamos formando Coringas, pessoas que só conseguem ter pensamentos ruins, todos os dias e a todo momento e que ainda sorriem, patologicamente cansadas. Cada número representa nosso estigma em não ter estendido a mão. Transtornos mentais não devem ser tratados como crime. Depressão não é tristeza. Por enlace, o Setembro Amarelo é muito válido, mas nos outros meses é preciso transformar, acolher e se informar. Será que não existe um Coringa perto de você?

IMAGEM RETIRADA DO FILME "CORINGA" DE TODD PHILIPS (2019)
Natália Bueno é aluna da turma VI do Curso de Medicina e foi autor desse relato.
Texto publicado em setembro de 2021.