SETEMBRO LILÁS – MÊS DA CONSCIENTIZAÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMER

Você já parou para pensar que a 50 anos atrás, na década de 70, a expectativa de vida média do brasileiro era 57 anos? Dados de 2019 (antes da pandemia da COVID-19), mostram que a esperança de vida chegava a 76,8 anos de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, voltando aos anos 1970, a taxa de fecundidade era de 5,8 filhos por mulher, enquanto que essa mesma taxa, hoje, é de cerca de 1,7 filhos por mulher.
Esses dados são muito relevantes para que se entenda o fenômeno da inversão da pirâmide etária. Antes, a base da pirâmide, formada pela população mais jovem, era bem larga, e à medida que a população envelhecia (também levando em conta a expectativa de vida baixa), o topo da pirâmide ia se afunilando. Contudo, com a diminuição da taxa de fecundidade e aumento da esperança de vida, a tendência é que esse formato se inverta: a base ficará mais estreita, ao passo que o topo se ampliará.

Trazendo esse panorama sociogeográfico para a área da saúde, pode-se então compreender a importância do Setembro Lilás. Instituído como mês da conscientização da doença de Alzheimer e outras demências, tem como objetivo ampliar o conhecimento da população, uma vez que, devido ao envelhecimento populacional, a incidência dessas doenças está aumentando gradativamente. Para 2022, a ADI (Alzheimer’s Disease International) escolheu a frase “Conheça a demência, conheça a doença de Alzheimer” como tema para as ações deste ano, com foco especial no apoio pós diagnóstico.
Falando um pouco mais sobre o Alzheimer, é uma doença neurodegenerativa progressiva que, por meio da morte de neurônios e de suas ligações (sinapses), provoca alterações das funções cognitivas: memória, linguagem, orientação e atenção. A manifestação do Alzheimer pode ser, basicamente, dividida em três fases:
Inicial: perda de memória, principalmente das coisas que acabaram de acontecer (geralmente mais percebida pelos familiares do que pela própria pessoa); se perde nas horas ou nos dias da semana; esquece palavras durante o discurso; se perde em lugares familiares; mudanças de humor; perda de interesse por atividades que antes gostava; desmotivação ou inatividade; dificuldade na tomada de decisões.
Intermediária: esquece eventos recentes e nomes de pessoas próximas; maior dificuldade na fala; tem dificuldades nas atividades da vida diária, como cozinhar, limpar e fazer compras, ao ponto de não conseguir mais morar sozinho; precisa de ajuda na higiene pessoal; se perde fora e dentro de casa; repete perguntas; pode apresentar distúrbios de sono e alucinações.
Avançada: gradativamente para de se comunicar; dificuldade para comer sozinho e para caminhar; não reconhece mais amigos, parentes e pessoas próximas; não compreende o que ocorre ao seu redor; apresenta comportamento inadequado em púbico; incontinência urinária e fecal.
A doença de Alzheimer ainda é uma incógnita dentro da medicina, uma vez que a causa ainda é desconhecida e os tratamentos não são eficazes para a cura, apenas para um retardo na sua progressão. No entanto, o que se sabe é que, além dos fatores genéticos, outros aspectos são muito relevantes para contribuir com o quadro, por exemplo: sedentarismo, obesidade, tabagismo, uso de álcool, hipertensão arterial, diabetes, contato social pouco frequente, poluição do ar, baixo nível de escolaridade e, claro, o envelhecimento. A partir disso, compreende-se que a melhor forma de prevenir a doença de Alzheimer é adotar um estilo de vida saudável desde cedo, com uma alimentação diária equilibrada e rica em nutrientes, rotina de exercícios físicos e abandono de vícios. Além disso, é muito importante, principalmente para populações mais velhas, atividades que estimulem a mente, como leitura e programas de estimulação cognitiva em grupo.
Por fim, é necessário dizer que o diagnóstico precoce é essencial para retardar o máximo possível a progressão da doença. Ele é feito por meio de avaliação clínica e neuropsicológica. É preciso que as pessoas que estão ao redor do paciente se atentem aos sintomas característicos e consigam identificar os sinais de alerta. É por isso que as campanhas de conscientização do Setembro Lilás são tão importantes: as informações sobre essa doença, que é cada vez mais prevalente, devem ser divulgadas. É fundamental destacar que o paciente com Alzheimer realmente precisa de apoio e carinho da família, por mais difícil que seja para todos conviver com essa doença, uma vez que só esse suporte positivo torna possível o enfrentamento da situação da melhor forma.
Alice Marçal é aluna da turma VI do Curso de Medicina e foi autora deste artigo.
Texto publicado em 29 de setembro de 2022.
Referência imagem 1:Setembro Lilás - Mês de conscientização da doença de Alzheimer - SBGG
Referência imagem 2: Envelhecimento: processo inevitável | Agemt | Jornalismo PUC-SP (pucsp.br)