Você sabia que há canabinoides em nosso corpo?
Você sabia que o nosso organismo possui um sistema conhecido como endocanabinoide, composto por receptores canabinoides e há produção endógena desses neurotransmissores, que atuam nos mesmos alvos que os canabinoides presentes na maconha?
Dois tipos de receptores canabinoides foram identificados até hoje: CB1, que são encontrados predominantemente no sistema nervoso central (SNC), tecido conjuntivo, gônadas, glândulas e outros órgãos, e CB2, que são encontrados principalmente no sistema imunológico e suas estruturas. Estes são os
receptores acoplados à proteína G mais presentes no SNC.
Fisiologicamente o sistema endocanabinoide participa, de forma ativa, da homeostase. De forma geral, ele regula processos fisiológicos como apetite, dor, processos inflamatórios, termorregulação, sensações, controle nervoso de contrações musculares, metabolismo, qualidade do sono, resposta ao estresse, motivação/recompensa, humor, memória, equilíbrio de energia e pressão intraocular.
Apesar de produzirmos nossos próprios canabinoides, vários estudos começam a apontar que, em algumas patologias, pode haver disfunções nessa via de transmissão. Esse tipo de observação reforça a ideia de que o uso de canabinoides exógenos pode ser vantajoso como estratégia terapêutica em algumas situações. Nesse sentido, os fitocanabinoides são os compostos canabinoides encontrados principalmente nas espécies de planta do gênero Cannabis, conhecida popularmente como maconha, e seus principais exemplos, dentre os mais de 400 já identificados na Cannabis, são o
canabidiol e o THC (Δ9-tetrahidrocanabinol). São eles, sobretudo, os principais focos dos estudos atuais para a avaliação do potencial terapêutico de canabinoides em diversas condições.
Atualmente, no nosso curso, o Professor Doutor Lucas Gazarini tem interesse nessa linha de pesquisa, em colaboração com os alunos Bruno Fernando de Oliveira e Júlia Name Colado Mariano (ambos da turma III). Entre os trabalhos já apresentados, dois deles foram premiados recentemente no III Simpósio de Saúde Mental realizado no nosso Campus, organizado pela Liga Acadêmica de Psiquiatria e Saúde Mental (LAPSM), intitulados “O estigma do uso de canabinoides na psiquiatria”, em 3o lugar, e “O uso dos canabinoides na terapia do estresse pós-traumático”, em 2o lugar.
Outros trabalhos estão em desenvolvimento, abordando a relação de alterações patológicas na transmissão endocanabinoide ou o uso de canabinoides em algumas condições clínicas, como autismo e epilepsia, com o objetivo de expandir ainda mais o conhecimento a respeito dessa classe de compostos. Com a estruturação dos laboratórios e consolidação do Campus, de maneira geral, trabalhos com enfoques mais práticos devem ser o próximo passo. Para saber mais entre em contato com o professor e/ou alunos participantes.
Maria Cecília Gonçalves Martins é aluna da Turma
VI de Medicina e era responsável pela coluna “Você
Sabia?!”
Matéria de Setembro de 2020.
